terça-feira, 9 de dezembro de 2008
Risco de pobreza na velhice é maior entre as mulheres
InfoMoney
SÃO PAULO - A constatação faz parte de estudo recente do Banco Mundial, no qual a instituição abordou a questão da pobreza na velhice, assim como defendeu a realização de novas reformas nos vários sistemas previdenciários mundiais, que levem em conta a nova realidade social.
Ainda que a afirmação seja perturbadora para a maioria das mulheres, ela deve ser analisada cuidadosamente e levada em consideração no planejamento da sua aposentadoria. Nunca é demais lembrar que se trata do sistema de Previdência Social, de forma que, para quem pode, é sempre possível complementar os benefícios através do acúmulo de um patrimônio que lhe gere uma renda complementar ao se aposentar
Renda menor prejudica acúmulo de poupança
Em seu estudo, o Banco Mundial ressalta o fato de que, apesar do forte aumento da mão-de-obra feminina, a maior parte dos sistemas previdenciários do mundo, inclusive o brasileiro, não leva isso em consideração. Mas, no que as mulheres diferem dos homens, que exige um tratamento distinto em termos de Previdência Social?
Em primeiro lugar, é preciso considerar que as mulheres, mesmo ocupando posições semelhantes, ainda têm uma remuneração menor do que a dos seus colegas do sexo masculino. Na prática, isso significa que irão receber um benefício menor ao se aposentar. Este é o caso, por exemplo, do sistema brasileiro, no qual a contribuição à Previdência Social varia conforme a renda.
Não bastasse isso, os sistemas em geral calculam o benefício com base em um período mínimo de contribuição, o que é determinado em função da premissa de que os trabalhadores contribuem de forma contínua e crescente ao longo da vida. Porém, isso nem sempre é verdade, sobretudo entre as mulheres.
E aqui é preciso considerar não só o desemprego, que vem crescendo no mundo todo, mas, sobretudo, o aumento da informalidade, que faz com que, mesmo empregado, o trabalhador continue à margem do sistema previdenciário.
Saída temporária do mercado de trabalho
No caso das mulheres, particularmente as de menor capacitação profissional e consequentemente remuneração, é preciso considerar também o afastamento para a criação dos filhos.
Como para muitas delas a remuneração recebida não cobre os custos que terão que incorrer para contratar alguém para cuidar dos filhos, acabam se rendendo à realidade econômica e abandonando o mercado de trabalho por alguns anos.
Ao retornar, após alguns anos fora do mercado, não só elas enfrentam dificuldade de recolocação, como muitas vezes acabam ganhando ainda menos ou permanecem na informalidade. O resultado de anos sem contribuição é que muitas enfrentam dificuldades até mesmo de requerer a aposentadoria oficial, mesmo após terem atingido a idade para se aposentar.
Sustentando as famílias
Para aqueles que alegam que estas mulheres devem sobreviver aos seus maridos e, portanto, poderão gozar do benefício de pensão, além do de aposentadoria, o que complementaria a sua renda na velhice, o estudo do Banco Mundial lembra que os índices de divórcio estão aumentando.
Segundo o Banco Mundial, na maioria dos países que compõem a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) os divórcios são tão freqüentes que mesmo a sobrevivência de metade dos casamentos parece pouco provável. Aliando este dado ao fato de que as mulheres vivem mais, o que o estudo prevê, na prática, é que elas deverão chefiar sozinhas as famílias, e que estão em maior risco de pobreza na velhice.
Esta situação é particularmente preocupante nos países em desenvolvimento, não só porque os diferenciais salariais tendem a ser maiores mas, sobretudo, porque nestes países as mudanças no mercado de trabalho e o envelhecimento da população vêm acontecendo antes do enriquecimento, ao contrário do que ocorreu nos países desenvolvidos.
O estudo recomenda, portanto, que os regimes de previdência sejam adaptados para levar a realidade das mulheres em consideração e para evitar que isso aconteça. Entre a parcela da população feminina que tem como controlar o seu futuro, pois trabalha e consegue poupar, mais do que aguardar reformas que podem nunca vir, o recomendável é planejar desde já a sua aposentadoria.
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