terça-feira, 21 de julho de 2009

Aprendendo a perdoar a si mesmo

Rosemeire Zago *

Se você vive apontando seu dedo indicador constantemente para seu próprio nariz, cuidado! A culpa varia de acordo com crenças e valores que cada um traz consigo desde a infância. E, que muitas vezes não corresponde mais aos valores e crenças atuais. Culpa, remorso, arrependimento, são inimigos constantes de algumas pessoas e traz junto a humilhação, vergonha, o medo e, a maior conseqüência, a autopunição.

Perdoar a si mesmo talvez seja um dos maiores desafios, pois está relacionado com a capacidade - e leia-se também dificuldade - que cada um tem de se amar e se aceitar. Para compensarem a rejeição sentida em algum momento de sua vida, passam o tempo todo tentando mostrar aos outros o quanto são úteis, importantes, como que para provarem para si próprias que são merecedoras da vida.

Por exemplo, as pessoas por não se sentirem amadas quando crianças e não acreditarem em si mesmas passam a ignorar os próprios sentimentos e recorrem à fuga pela comida, como forma de compensação e obtenção do prazer. Com isso, se culpam e como punição, engordam.

A comida passa a representar uma maneira de alimentar e preencher um vazio emocional. Ou seja, inconscientemente desviam a atenção dos problemas para a necessidade de emagrecer, os problemas continuam ou aumentam por não serem resolvidos e acabam consumindo mais calorias do que o corpo necessita, engordam, culpam-se, punem-se, criando assim, um círculo vicioso.

O perdão oferece saída para esse círculo vicioso, como uma escolha consciente de mudança. Será que a verdadeira causa está sendo considerada? Do contrário, tudo tende a piorar. Será que essa fome, esse vazio, não seria a necessidade, também inconsciente, de amor? É preciso perceber que a comida não será transformada em afeto, amor, mas apenas em gordura quando consumida de forma descontrolada. Por que não buscar outras fontes de prazer?

Para se livrar disso tudo faça uma lista com as coisas pelas quais você se culpa, daquilo que fez e não fez. Seja honesto consigo mesmo. Depois, pense sobre as motivações que o levaram a fazer certas escolhas, agir de determinada forma e, ao invés de se culpar, punir ou se castigar, comece a lembrar que muitas escolhas foram feitas porque era o melhor que se podia fazer naquele momento e que na verdade, tudo foi avaliado com valores da época e que nem sempre serão os mesmos neste momento. Nunca julgue situações passadas com valores do presente.

Perdoar a si mesmo exige uma completa honestidade e integridade para que se alcance a cura de tantos males, de tanta falta de amor-próprio. É um processo de reconhecer a verdade, assumir a responsabilidade pelo que fez, aprender com a experiência, reconhecer os sentimentos que motivaram determinados comportamentos, abrir seu coração para si mesmo, ouvir seus medos, curar certas feridas e isso você pode conseguir sendo amoroso e responsável consigo mesmo.

A verdadeira cura é fazer as pazes consigo mesmo. O poder curativo do perdão e do amor talvez seja o remédio mais poderoso que temos. E está nas mãos de cada um de nós. E você pode começar com você mesmo!


* Psicóloga clínica com abordagem junguiana. A base de seu trabalho é o resgate da auto-estima e do amor-próprio. Desenvolve o auto conhecimento e ministra palestras motivacionais.
Mande um email ou ligue (011) 3815.9172

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